quinta-feira, 29 de julho de 2010

continuação VIVER EM FAMÌLIA ...

Jesus não pediu vingança, Jesus não pediu justiça. Ele não se importou consigo mesmo, esqueceu de si mesmo e pediu misericórdia, pediu compaixão, não para si, mas para quem o fazia sofrer.
Quando somos ofendidos, quais sentimentos nascem dentro de nós?
Qual a nossa primeira reação? Todos esses sentimentos são muitos humanos e errar como sabemos é humano, mas somos chamados por vocação, antes mesmo de nascermos a sermos iguais a Deus, fomos criados à sua imagem e semelhança. O que nos faz semelhante a Deus não é outra coisa se não a capacidade de amar, de receber e retribuir amor.
Jesus nos convida a amar como Ele ama.
Qual é o novo mandamento que Jesus apresenta? Vamos ler na Palavra de Deus? (João 15,12).
No Antigo Testamento diz: amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo. Jesus que vem fazer novas todas as coisas vem ensinar que devemos amar como Ele ama.
O amor que se torna real no perdão, que se expressa sincero e verdadeiro quando acontece a reconciliação.
Só perdoa quem ama, e só ama de verdade quem é capaz de perdoar.
Qual é o sentido profundo da palavra amor para cada um de nós?
Hoje, é uma palavra tão banalizada, tão usada para designar relações egoístas e hedonistas (busca do prazer sem compromisso e sem limites ou respeito ao próximo), que poucas vezes lembramo-nos da sua origem divina: tudo foi criado por amor, para o amor e no amor. Foi o amor de Deus, que não coube em si só e que expandiu dando origem à vida, porque o amor é fonte de vida. Portanto, a experiência do amor deve ser restauradora da nossa relação filial com o Senhor para que seja realmente presente em nossas vidas a importância de sermos filhos amados por Deus. E por que somos amados somos capazes de amar, aprendemos a amar porque Deus nos amou primeiro.
João 4,19.
Podemos perdoar porque Deus nos perdoa primeiro também.
O perdão é uma questão muito desafiadora:
* porque parece significar que o agressor escapa impune, ileso, sem pagar pelo que nos fez e causou.
* ele pode ter agido de propósito e talvez não esteja arrependido.
* ele pode fazer o mesmo novamente sem ser punido.
Parece não haver nenhuma motivação para que uma pessoa ofendida tome este rumo, decida por perdoar.
entretanto, embora o perdão não seja fácil, ele é necessário para o bem da pessoa ferida. As pessoas que foram magoadas e não perdoam continuam a sofrer pressão e feridas emocionais por estarem a segurar a raiva e a amargura. Algumas se afundam nas drogas, nas bebidas, começam a "ficar" com um monte de gente para esconder, ou preencher o vazio que a falta de perdão, a falta de amor lhe causa.
Como as nossas primeiras experiências de vida e relacionamento estão dentro de casa, começam em nossas famílias, as nossas mágoas mais profundas, nossos ressentimentos mais sérios também, muitas vezes, nascem dentro de casa, dos conflitos que vivemos dentro de casa com os pais, irmãos ou então não participamos diretamente, mas assistimos a situações de violência, abandono, vícios, ofensas e ódio e guardamos esses sentimentos e os ressentimentos muitas outras vezes durante nossa vida.
O perdão não pode ser mal compreendido.
ele consiste na decisão de soltarmos a nossa mágoa e o nosso ressentimento.
entenda bem, o perdão é fruto de uma decisão,ou como diria Santa Tereza de Ávila, "de uma determinada determinação".
Assim, como o amor verdadeiro que não é uma emoção, sensação ou sentimento, mas uma decisão livre do coração, perdão também é uma decisão.
e atenção irmãos e irmãs, ao perdoarmos não significa que:
* consentimos ou aprovamos a ofensa;
* a ofensa foi esquecida e não importa mais;
* a ofensa não tenha consequências;
* a pessoa ofendida ou a sua mágoa não importem mais.
Não se trata disso, mas sim de uma atitude libertadora, responsável e voluntária de nossa parte, da parte de quem perdoa. assim nasce a reconciliação.
A reconciliação é um processo que ultrapassa o perdão. Ela é alcançada quando as pessoas que estavam em conflito chegam a uma relação positiva entre si.
A reconciliação é a ação gerada, produzida após a decisão de perdoar ser tomada, exige muito amor, exige muita vontade de ser feliz de verdade. Não estamos dizendo que é fácil, estamos dizendo que é possível. Muito possível. Por uma ordem de Deus somos obrigados a honrar nossos pais, mas se não houver amor em nossos corações, isso se torna difícil demais. Se nós nos relacionarmos com eles a partir de nossas feridas, não vamos nunca ser obedientes, felizes e muito menos os faremos felizes. Se não buscarmos entre nossos irmãos, construir amizade, confiança, respeito e amor, nossas casa serão sempre o último lugar onde vamos querer estar.
quem está tendo a oportunidade de viver e descobrir o amor é você. Você que Deus quis atrair a este lugar, a este retiro, então o amor deve começar a transbordar de seu coração. as pessoas lá na sua casa, seu irmão, sua irmã, continuam as mesmas pessoas, mas você foi tocado pela graça de Deus, se você crê, você é uma pessoa nova.
Mude seus atos, mude sua maneira de viver a vida e se relacionar.
Faça a diferença no mundo que vive, comece pela sua casa, por mais difícil que eles sejam, por piores que eles sejam, por mais graves que sejam os erros que eles ou você cometeram, o amor pode vencer e superar tudo isso, não de uma hora para outra, mas é possível, e tem que ser dado o primeiro passo por alguém.
Lembram da Palavra de Deus? amamos porque Deus nos amou primeiro. Você quer ser amado? Ensine o outro a amar, amando, não exigindo amor. ensine a perdoar, perdoando e não exigindo perdão.
A reconciliação não é apenas um evento.
Ela deve tornar-se num valor e um estilo de vida.
ela deve passar de geração para geração, através da Bíblia, do diálogo, mas principalmente do exemplo, do testemunho de vida, como dizia Madre Tereza de Calcutá, "talvez a nossa vida seja o único evangelho que algumas pessoas leem"...Por isso´testemunho é tão importante.
O perdão e a reconciliação fazem parte de uma jornada que poucas pessoas fazem, mas cujo destino é a liberdade, a saúde e a paz, a salvação plena.
erramos todos os dias, erram conosco todos os dias, precisamos perdoar e reconciliar todos os dias, precisamos pedir perdão e reconciliar todos os dias.
o amor assim acontece e cura, salva e liberta nossas famílias, nossa comunidade, nosso ministério de evangelização, contagia e transforma o mundo. Eu creio! E você?
Max de Oliveira ( palestra num retiro de jovens em Vitória - ES)

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Viver em família, o constante exercício do amor e da reconciliação


A Família é uma estrutura falida? Será mesmo que a família é uma instituição que nasceu da vontade humana?

Se nos voltarmos para a Palavra de Deus, veremos que Deus ao criar o homem conforme sua imagem e semelhança, o criou para a vida em comunidade, não o criou para uma existência solitária. Deus é comunidade, Deus é família, o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

Surgiu o homem e mesmo com todas as criaturas que já existiam este não era feliz, relacionava com Deus livremente, mas não era completo, pois o homem não é a Deus, assim Deus fez para o homem uma companhia adequada, fez a mulher para estar ao lado do homem e deu-lhes uma ordem, a de serem colaboradores na geração da vida, homem e mulher, gerando com a graça de Deus outras vidas.

De forma simples, muito simples, expomos assim o princípio de toda a vida humana, a união entre homem e mulher.

Assim as nossas famílias nasceram.

Não importa se hoje talvez nossos pais não estejam mais casados, se estão morando com outras pessoas, importa que graças à união das suas vidas, nossos pais, nós viemos ao mundo, passamos a existir.

Deus quis a nossa vida, e nossos pais colaboraram com a obra de Deus.

Você acha que seu pai ou sua mãe é obrigado a gostar de você?

Pois fique de queixo caído, pode se assustar...mas não são.

Pode parecer loucura, mas não é. Os 10 mandamentos dizem o quê?

O 5º mandamento diz que os filhos são obrigados a honrar pai e mãe. Vamos lembrar? Quem fez catequese aqui?

5º mandamento: Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá.

Então, faz referência à obrigação dos filhos para com os pais, mas não dos pais para com os filhos.

Não há nenhum dos mandamentos que obriguem nossos pais a nos amarem.

Você acha que isso é bom ou ruim? Isso é bom. Muito bom!

Sabe por quê? Porque o amor que eles têm por nós é livre, gratuito, desinteressado, muito semelhante ao amor de Deus.

Ma me digam uma coisa: Nossos pais são iguais a Deus?

Eles são humanos, não é verdade?

Nós muitas vezes nos justificamos dizendo: "Errar é humano."

Que legal! Isso serve para justificar ou amenizar a nossa culpa, mas nos esquecemos disso quando as pessoas erram conosco, sejam nossos pais ou irmãos, amigos ou não.

Não permitimos que as pessoas errem, não permitimos que nossos pais sejam falhos, tenham fraquezas, cometam erros pequenos ou muitos graves.

Se somos filhos e estamos aprendendo a ser gente, nossos pais estão nessa luta mesma luta, aprendendo a ser gente, aprendendo a ser pais, também são pessoas em construção, ainda não estão prontos e estão seguindo na vida, errando aqui, acertando ali, alguns mais outros menos.

Eles trazem em si marcas de suas lutas, sofrimentos, solidão, decepções, medos, carências e inseguranças, por isso erram como eu e você erramos.

Quando erramos temos a intenção de errar? Será que alguém erra com vontade de errar? Vamos preferir acreditar que não, ou pelo menos se alguém age assim vamos considerar que essa pessoa tem algum problema mental muito sério, porque normalmente, vejam bem normalmente, todos queremos acertar, queremos ser felizes.

Mas nem sempre acertamos o caminho, sofremos e causamos sofrimentos, nossos pais vivem esse mesmo dilema.

e assim nossas famílias vivem grandes desafios, quase sempre causados por nós mesmos. Se nós formos refletir sobre os desafios enfrentados pela família, mesmo partindo daqueles que são externos, como os problemas sociais (falta de dinheiro, de trabalho, de assistência a saúde e educação, drogas e violência), vamos acabar chegando ao centro da construção de tais problemas, que é o coração do ser humano.

Vivemos hoje um tempo em que o individualismo se manifesta, talvez como em nenhuma outra época da história, o que tem implicações evidentes sobre as relações familiares e consequentemente sobre toda a sociedade.

No interior da família, os papéis dos pais e dos filhos estão conflitivos, gerando insegurança no modo de ser e agir de cada um e uma espécie de solidão característica do nosso tempo: a solidão acompanhada.

Talvez em consequência disto, o comportamento compulsivo se tornou característico da nossa época, acarretando a perda do auto domínio, da criatividade e do crescimento pessoal.

Nesse retiro provamos o amor de um Deus extremamente misericordioso, que perdoa nossos pecados, que não só perdoa, mas morre em nosso lugar, paga o preço por nós, assume para si as consequências de nossos pecados.

No alto da crua em meio a tanta dor e sofrimento, teve amor bastante no coração para pedir ao Pai que perdoasse os que o maltratavam e matavam.


Palestra proferida por Max de Oliveira num retiro para jovens em Vitória - ES no último fim de semana.

Não percam, continuação amanhã!

terça-feira, 27 de julho de 2010

DEPRESSÃO


Quem não conhece alguém que já foi acometido por esta doença?

Talvez você mesmo já tenha passado por ela ou esteja vivendo-a .

A depressão é uma doença cercada de preconceitos, alguns ainda são capazes de acreditar que é frescura, outros atribuem a forças demoníacas, ao abandono de Deus.

Segundo Victor Frankl, psicoterapeuta existencialista, a depressão psico-espiritual é causada por um vazio existencial decorrente da falta de sentido de vida, encontrado por trás de uma vida profissional excessiva, na necessidade de nunca descansar, no decaimento psicofísico dos aposentados, na busca desenfreada por adrenalina. Outro tipo de depressão é a endógena desencadeada por um fator psicológico e que não necessariamente tenha um estressor social ou uma crise pessoal como citados no primeiro tipo, pode ser alicerçada num fator hereditário, histórico familiar de depressões ou num déficit de serotonina. Em ambos os casos, a pessoa acometida por este mal deve ser cuidada, com acompanhamento profissional e espiritual, pois o sentido de vida está dentro de cada ser humano, o vazio interior, aquele lugar mais íntimo de cada pessoa que não é saciado por fatores externos, mas unicamente por Deus e ao encontrá-lo o homem é capaz de fazer projetos, de ir além, de amar o que realmente é essencial. As pessoas que sofrem com a depressão endógena encontram em Deus a força necessária para lutar, para sair da crise.

É necessário olhar essas pessoas como doentes que estão à procura de remédio, da cura e respeitar o tempo que vivem, amando-as, cuidando e mostrando o lado bom da vida.

Se você que agora lê este texto passa por uma crise de depressão, não se culpe e nem se envergonhe da dor existencial, por não conseguir externar alegria, por não ter forças o suficiente para seguir só. Eu conheço o tamanho da sua dor, pode acreditar, tenha paciência consigo mesmo, peça ajuda àqueles que lhe amam de verdade, busque ajuda profissional e se entregue a Deus que lhe ama incondicionalmente, lhe ama hoje da mesma forma que amava quando você sentia forte e capaz, mesmo que você não consiga sentir este amor.

Eliane Maria

segunda-feira, 26 de julho de 2010

"Músicos, silenciai para ouvir minha voz"


O caminho para a perfeição é feito de pequenas atitudes, de aprendizado, de purificação.

Toda criança precisa escutar para aprender a falar. Assim como a criança, é necessário que o músico cristão aprenda primeiro ouvir a voz do Senhor para depois transmiti-la em canções. Segundo Martín Valverde "uma canção cantada fora de Seu plano, fora de Seu tempo, desafina!", o silêncio leva ao discernimento a cerca da vontade de Deus, aprende-se que "há um tempo para calar e um tempo para falar"(Eclo 3,7), pois silêncio na hora errada é omissão. É necessário fazer silêncio na Casa de Deus, mesmo sendo um lugar de louvores e cânticos há o momento do silêncio sagrado que nos introduz na presença do Senhor e nos leva a adorá-lo.

Quantas vezes em nossa adoração falamos, falamos, falamos e não paramos para escutar o Senhor. Por que insistimos em falar em primeiro lugar, já que o que Ele tem a dizer é sempre

mais importante?

outro momento em que o silêncio é crucial é no momento da batalha. Quantas batalhas perdidas por falta de silêncio! O inimigo tem medo do músico que faz silêncio, pois sabe que fazendo silêncio ouve claramente os direcionamentos de Deus e se torna poderoso instrumento de evangelização.

Quem não aprende a silenciar, tampouco saberá o que e quando falar. Não silenciar com o tempo pode ocasionar:

* Torpeza Espiritual - "Por que não reconheceis minha linguagem? É porque não podeis escutar minha palavra."(Jo 8,43)

* Dureza de coração - com a falta de escuta perde-se a graça necessária para servi-lo "...tornaram-se duros seus ouvidos"(At 28,27)

* Indiferença - o músico fica satisfeito com os aplausos e se faz de tonto diante das exigências do Evangelho.

* Rebeldia - nesse estágio o músico não se preocupa mais com a ligação entre o que canta e o que vive.

Eliane Maria

Fonte de inspiração: "O Silêncio do Músico"_ Martin Valverde

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Evangelizar com a música, evangelizar com beleza e simplicidade


Às vezes encontramos pessoas que tem uma capacidade imensa de sonhar, de enxergar por trás das nuvens e nos inspirar voos mais altos, estas pessoas estão se tornando raras de se encontrar, pessoas que não desistem e que sempre estão com o coração inflamado de positiva expectativa.

O mundo carece de mais seres humanos dotados de tão doce virtude.

A pessoa que recebe de Deus o dom da arte, recebe mais que um dom, recebe uma missão, a missão de tornar a vida mais bela, e de apresentar a beleza do céu, uma beleza que sacia a alma, que alimenta o espírito, cura, restaura, liberta, revigora e consola.

A arte, especialmente a musicalidade é sem dúvida um presente de Deus para nós, aquele que é por graça de Deus ministro de música, é chamado a sempre estar em sintonia, afinado com o coração de Deus.

A missão é adorar, mas não fazê-lo em vistas de si mesmo, mas sempre na direção do outro, na intenção de levar o outro, aquele que ouve a música que faço, toco ou canto.

Inspirar a gratidão, inspirar e incentivar o louvor, servir, testemunhar, conduzir, ministrar a glória de Deus em notas e acordes.

Um coração movido pela gratidão é consequentemente um coração generoso.

O mundo precisa reaprender o caminho da generosidade.

Se somos músicos que cantam a vida, vida plena em Jesus, se somos músicos que fazem da vida poesia e melodia, e que consagram a Deus essa produção da experiência vivida e encarnada no dia a dia, não precisaremos de palco, de iluminação, um bom PA, pois bastará a beleza de Deus em nós, e na simplicidade desse Deus, que de tão simples passa despercebida pela grande maioria e que somente os simples de coração, conseguem captar, conseguiremos que os corações redescubram a pessoa de Deus, redescubram o amor e fiquem plenas de gratidão e sejam generosas, capazes de dar a vida toda a esse Deus tão bom e misericordioso.

O mundo precisa de mais músicos, músicos generosos, músicos cheios de gratidão, músicos que amem mais a Deus do que a própria música e estejam mais preocupados em salvar almas do que impressionar a plateia.

Há uma graça sobre nós, essa graça é poderosa, a chave de tudo é a obediência, esta só se aprende com oração e muita disposição do coração.

Max de Oliveira

terça-feira, 20 de julho de 2010

Amizade: encontro de corações


Somos únicos e diferentes, cada um com seu jeito, sua personalidade, sua história, o outro nos arranca do egoísmo, da solidão, nos apresenta uma nova forma de ver os acontecimentos da vida. O filósofo Giovanni Cassiano diz que " o amigo é metade da alma", por isso podemos dizer que amizade é encontro de histórias, de gestos, de afetos, de corações. É a descoberta do outro que vai acontecendo paulatinamente, alguém antes desconhecido torna-se único para nós e experimentamos a verdade contida nas palavras do Pequeno Príncipe " eu conheço o som de seus passos, eles são diferentes dos outros...me levam para fora ", sim, porque amizade não é laço que se fecha em si, mas se abre para os outros, não é poço que retém água e sim fonte que doa espontâneamente. amizade não é acaso, é comprometimento, fidelidade, perdão, aceitação, é permitir-se ser transformado pela experiência da presença do amigo e ser fonte de transformação. Agradeço a todos os meus amigos, àqueles que a vida me fez perder o contato, minhas saudades e minha eterna esperança de um dia nos reencontrarmos, àqueles que permaneceram apesar da distância, obrigada pelo cuidado em regar continuamente a semente um dia plantada. Peço licença a todos vocês, para lembrar de forma especial a dois amigos que já partiram, Irá, quando a etapa final para a caminhada final para a morada celeste começou, e nós nem desconfiávamos disso, ela escolheu permitir que estivesse do seu lado, nunca me esquecerei daqueles felizes momentos no hospital, Marcelo de Macapá, eu estava tão longe quando tudo aconteceu, guardo porém, a sua alegria e serenidade tão normal nos 3 anos que vivi em Macapá, com ele aprendi a autoridade sem imposição, a justiça com amor. por fim obrigada aos amigos dos amigos, amando-os vocês se tornam fonte de amor também para mim.

Aprendamos com Teresa D'ávila e João da Cruz, Francisco e Clara, Davi e Jonathan, nos abramos a experiência da amizade. FELIZ DIA DO AMIGO!

sábado, 17 de julho de 2010

"Ficar", fuga da responsabilidade de amar


Parece até simplório ir contra uma atitude tão comum nos dias atuais, até mesmo alguns pais compartilham da ideia que "ficar" é uma preparação para o namoro. Levando em conta que o namoro é um tempo de descoberta do outro, de amadurecimento e que tem como uma de sua missão contribuir com o crescimento do outro, não vejo onde o "ficar" contribui para tal.Nós fomos criados com a capacidade da espera, espera-se nove meses para nascer, espera-se para falar, para andar, em tudo há uma linda e harmoniosa preparação, pois os animais agem por instinto e não os homens. É triste ver homens e mulheres desesperados pela solidão, saírem a caça, negando a si e ao outro a oportunidade do verdadeiro amor que se compromete, perdoa, aceita, em lugar disso se acovarda num gesto de usar o outro como instrumento de prazer. O beijo algo tão lindo, um momento mágico, vem se transformando num ato mecânico de diversão, e assim o sexo, a união sublime de dois seres que se entregam sem reservas, por que amam tanto ao ponto de se comprometer em ser apenas um, a cada é mais banalizado.

Pobre homem, pobre mulher criado a imagem e semelhança de Deus, se torna a imagem dos animais. Volta a tua verdadeira imagem e espera com paciência, aprende a amar como teu Criador, escolhe tua amada, teu amado, ama com respeito e dignidade e então provarás da verdadeira felicidade.

Eliane Maria

sexta-feira, 9 de julho de 2010

"Uma árvore que cai, faz mais barulho que uma floresta que cresce"


Sou um simples sacerdote católico. Sinto-me orgulhoso e feliz com a minha vocação. Há vinte anos vivo em Angola, como missionário. Sinto grande dor pelo profundo mal que pessoas, que deveriam ser sinais do amor de Deus, sejam um punhal na vida de inocentes. Não há palavras que justifiquem estes atos. Não há dúvida de que a Igreja só pode estar do lado dos mais indefesos. Portanto, todas as medidas que sejam tomadas para a proteção e prevenção da dignidade das crianças será sempre uma prioridade absoluta.

Vejo em muitos meios de informação, sobretudo em vosso jornal, a ampliação do tema de forma excitante, investigando detalhadamente a vida de algum sacerdote pedófilo. Assim aparece um de uma cidade dos Estados Unidos, da década de 70, outro na Austrália dos anos 80 e assim por diante, outros casos mais recentes...

Certamente, tudo condenável! Algumas matérias jornalísticas são ponderadas e equilibradas, outras exageradas, cheias de preconceitos e até ódio.

É curiosa a pouca notícia e desinteresse por milhares de sacerdotes que consomem a sua vida no serviço de milhões de crianças, de adolescentes e dos mais desfavorecidos pelos quatro cantos do mundo!

Penso que ao vosso meio de informação não interessa que eu precisei transportar, por caminhos minados, em 2002, muitas crianças desnutridas de Cangumbe a Lwena (Angola), pois nem o governo se dispunha a isso e as ONGs não estavam autorizadas; que tive que enterrar dezenas de pequenos mortos entre os deslocados de guerra e os que retornaram; que tenhamos salvo a vida de milhares de pessoas no Moxico com apenas um único posto médico em 90.000 km2, assim como com a distribuição de alimentos e sementes; que tenhamos dado a oportunidade de educação nestes 10 anos e escolas para mais de 110.000 crianças...

Não é do interesse que, com outros sacerdotes, tivemos que socorrer a crise humanitária de cerca de 15.000 pessoas nos aquartelamento da guerrilha, depois de sua rendição, porque os alimentos do Governo e da ONU não estavam chegando ao seu destino.

Não é notícia que um sacerdote de 75 anos, o padre Roberto, percorra, à noite, a cidade de Luanda curando os meninos de rua, levando-os a uma casa de acolhida, para que se desintoxiquem da gasolina, que alfabetize centenas de presos; que outros sacerdotes, como o padre Stefano, tenham casas de passagem para os menores que sofrem maus tratos e até violências e que procuram um refúgio.

Tampouco que frei Miato com seus 80 anos, passe casa por casa confortando os doentes e desesperados. Não é notícia que mais de 60.000 dos 400.000 sacerdotes e religiosos tenham deixado sua terra natal e sua família para servir os seus irmãos em um leprosálio, em hospitais, campos de refugiados, orfanatos para crianças acusadas de feiticeiros ou órfãos de pais que morreram de Aids, em escolas para os mais pobres, em centros de atenção a soropositivos... ou, sobretudo, em paróquias e missões dando motivações às pessoas para viver e amar.

Não é notícia que meu amigo, o padre Marcos Aurelio, por salvar jovens durante a guerra de angola, os tenha transportado de Kalulo a Dondo, e ao voltar à sua missão tenha sido metralhado no caminho; que o irmão Francisco, com cinco senhoras catequistas, tenham morrido em um acidente na estrada quando iam prestar ajuda na áreas rurais mais recônditas; que dezenas de missionários em Angola tenham morrido de uma simples malária por falta de atendimento médico; que outros tenham saltado pelos ares por causa de uma mina, ao visitarem o seu pessoal. No cemitério de Kalulo estão os túmulos dos primeiros sacerdotes que chegaram à região... Nenhum passa dos 40 anos.

Não é notícia acompanhar a vida de um Sacerdote "normal" em seu dia a dia, em suas dificuldades e alegrias consumindo sem barulho a sua vida a favor da comunidade que serve. A verdade é que não procuramos ser notícia, mas simplesmente levar a Boa- notícia, essa notícia que sem estardalhaço começou na noite da Páscoa. Uma árvore que cai faz mais barulho do que uma floresta que cresce.

Não pretendo fazer uma apologia da Igreja e dos sacerdotes. O sacerdote não é nem um herói nem um neurótico. É um homem simples, que com sua humanidade busca seguir Jesus e servir os seus irmãos. Há misérias,pobrezas e fragilidades como em cada ser humano; e também beleza e bondade como em cada criatura...

Insistir de forma obsessiva e perseguidora em um tema perdendo a visão de conjunto cria verdadeiramente caricaturas ofensivas do sacerdócio católico na qual me sinto ofendido.

Só lhe peço, amigo jornalista, que busque a Verdade, o Bem e a Beleza. Isso o fará nobre em sua profissão.

Em Cristo,

Pe. Martín Lasarte, SDB.