quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Dor e alegria


Hoje enquanto esperava por um aluno, comecei a refletir sobre a dor, pensando nas minhas dores, nas dos meus amigos, na daqueles homens e mulheres que vejo passado nas ruas todos dias no meu ir e vir e como cada um vive de forma diferente a dor. Quantos tiraram sua própria vida mediante a um sofrimento e quantos descobriram a alegria de viver justamente em meio a uma tempestade, me recordo do livro "Testemunha da Esperança", onde um sacerdote preso e ferido pelos sofrimentos impostos injustamente a ele vive a alegria da ressurreição, a liberdade interior .

Me recordo ainda de uma mulher que conheci nos tempos de missão em Macapá, sempre alegre, disposta, confiante, disponível, atenta às necessidades do outro, isso me atraiu até ela, pois vi a face amorosa de Deus que mostra sempre que a vida é pra ser vivida e não desperdiçada com nossos desesperos. Quanta coisa aprendi em nossas partilhas!

Um dia fui visitá-la, para minha surpresa na casa só havia uma cama onde o filho ma is jovem dormia, ela e o mais velho dormiam na rede, pois estavam usando os recursos financeiros para construir a casa que antes era de madeira, um salário mínimo que sustentava os três e realizava seus projetos de moradia e estudo. Esta mãe dedicada ensinava aos filhos a gratidão e o despojamento, caminhava todos os dias quase uma hora para ir e outra para voltar do trabalho, reservando o vale transporte para o filho mais velho ir à escola que era bastante longe. Abandonada pelo marido, ela não desistiu e nem se desesperou, luta a cada dia com alegria, sem abandonar a dor que certamente a tomou, sonhos não realizados, mas confiança e esperança que traz a alegria que nasce no intimo, cultivada na intimidade com Deus, independente de fatores externos.

A diferença está em assumir a dor, viver o luto, não rejeitar os acontecimentos de nossa vida, abrir mão do que for preciso, "perder para ganhar" como diria Edith Stein, capacidade de recomeçar sempre que for preciso, humildade para sofrer as humilhações. Muitas vezes nos perdemos em nossa imaturidade, paralisamos em nossos medos, é preciso querer amadurecer, um processo que passa pelo auto conhecimento, que gera aceitação de nossas qualidades e limitações, processo que vivido à luz do evangelho nos transforma em homens e mulheres capacidades de encontrar na dor esperança para viver, coragem para aceitar que nem todos os nossos sonhos serão realizados, capacidade de viver as frustrações, de aceitar que somos limitados e assim aceitar o outro como um ser limitado também. Cultivemos a amizade com Deus e tenhamos coragem de descer com ele ao nosso lugar mais íntimo, onde muitas vezes escondemos nosso verdadeiro eu.

Que a luz do Espírito Santo venha sobre nós e nos faça homens e mulheres felizes.

Eliane Maria


Não percam, em breve estaremos postando testemunhos que pessoas que tiveram coragem de se deixar serem encontradas pelo Senhor.

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